O norueguês escrito: o bokmål e o nynorsk
O bokmål e o nynorsk são as duas formas escritas oficiais da língua norueguesa. Falarei aqui um pouco sobre essas duas normas. Na língua oral, o norueguês tem mais de 400 dialetos. Clique aqui para ver a característica de alguns.
O bokmål
O bokmål “língua do livro” é uma das variedades da língua escrita norueguesa, sendo a outra o nynorsk “o novo norueguês”. A primeira variante é usada por cerca de 87% da população da Noruega, enquanto a segunda é usada por cerca de 13%. Após as reformas escritas do riksmål “a língua do reino” em 1987 e do bokmål em 1981, 2005 e 2012, há pouca diferença entre essas duas variantes. Falaremos sobre o riksmål a seguir.
Estima-se que mais de 20% da população da Noruega fale o chamado østnorsk padrão, que corresponde mais ou menos à forma comum do bokmål falado no leste da Noruega. Existem também outras maneiras sociais de falar (socioletos) em outras partes do país, que são considerados como variantes da língua falada relacionada ao bokmål. Os socioletos mais conhecidos são os chamados “fintrønder” em Trondheim e o “penbergensk” em Bergen.
Até 1929, riksmål era o nome oficial da língua escrita norueguesa comum, em oposição ao landsmål “língua do país”, que originou o nynorsk. E vista disso, o bokmål é uma continuação dessa forma por meio de reformas ortográficas posteriores. No entanto, nos dias de hoje o riksmål ainda existe ao lado do bokmål, e ele é usado hoje principalmente como um padrão de grafia conservador e não oficial que foi estabelecido pela Det Norske Akademi e promovido pelo Riksmålsforbundet.
O riksmål e o bokmål têm suas origens na tradição escrita dinamarquesa na Noruega e no dialeto dinamarquês-norueguês que se desenvolveu a partir de tal tradição. Há essa influência porque, de 1537 a 1814, a Noruega fez parte do Reino da Dinamarca-Noruega.
Nynorsk
O nynorsk, que antes de 1929 era chamado de landsmål, é uma das duas línguas escritas oficiais da Noruega e foi adotada pela decisão de igualdade linguística realizada em 12 de maio de 1885. Ela é usada na escrita por volta de 13% da população. Essa variante escrita baseia-se nos dialetos noruegueses modernos (principalmente do oeste) e na antiga língua nacional camponesa, em contraste com o bokmål, que baseia-se no riksmål e, consequentemente, no dinamarquês.
Na primeira metade do século XX, ocorreu uma política linguística que tinha intenção de fundir o bokmål e o nynorsk em uma linguagem escrita norueguesa comum chamada de samnorsk, mas este projeto foi formalmente arquivado no ano de 2002. No entanto, o nynorsk adquiriu várias características do bokmål nesse período e se deslocou de muitos dos princípios que formavam a base do landsmål.
Depois da política das fronteiras de 2020, três condados declararam que usam o nynorsk como sua forma linguística: Vestfold e Telemark, Møre e Romsdal e Vestland. Em Rogaland, a maioria dos municípios também utiliza o nynorsk, mas o condado declarou-se neutro. Dos 356 municípios da Noruega, 90 municípios usam o nynorsk e 118 municípios usam o bokmål, enquanto os restantes se declararam neutros [1]. O município de Ålesund (após 2020) é o município que mais utiliza o nynors como idioma administrativo [2].
O primeiro estudo sistemático da língua norueguesa foi realizado pelo linguista Ivar Aasen (1813-1896), o fundador da linguística norueguesa. Na década de 1840, ele viajou pelo país com o objetivo de estudar os dialetos.
Em 1848, Aasen publicou a obra Det norske Folkesprogs Grammatik e em 1850 publicou o dicionário Ordbog sobre det norske Folkesprog. O primeiro esboço de um padrão de linguagem escrita tipicamente norueguesa (em contraste com o riksmål usado pela aristocracia) veio em 1853 com a obra Prøver af Landsmaalet i Norge. Aasen completou a norma padrão do idioma nacional com a publicação da obra Norsk Grammatik em 1864 e do dicionário Norsk Ordbog em 1873.